terça-feira, 24 de julho de 2012

Lugar de Política?


Segue um excelente texto escrito pela deputada federal Manuela D'Ávila (PCdoB-RS), muito próprio para esse momento, em que algumas pessoas repercutem nas redes sociais uma campanha contra propaganda política. Com 30 anos, Manuela está em seu segundo mandato na Câmara dos Deputados e é considerada uma das parlamentares mais atuantes do Congresso Nacional (foi a mulher mais votada nas últimas eleições em todo o país). Também já foi vereadora em Porto Alegre e diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE). Hoje, é candidata à Prefeitura da capital gaúcha pelo partido em que milita desde os 16 anos, o PCdoB.


Deputada Federal Manuela D'Ávila
(PCdoB-RS)

Lugar de Política?

Aqui não é lugar de política. Hein?

Hoje recebi uma mensagem muito educada dizendo que ia deixar de me seguir no instagram (aplicativo de fotos) por eu postar imagens de política por ali. Fiquei um pouco perplexa, pois minhas imagens são das ruas de minha cidade, das mulheres e homens que encontro, das pessoas de carne e osso que me inspiram a trabalhar desde os meus 16 anos.


Sou usuária das redes sociais desde sempre. Desde que era vereadora e usava o orkut para facilitar o acesso das pessoas a meu mandato! Usava MSN para diminuir custos com telefone! Fiquei tão chocada com a mensagem que me fiz a seguinte pergunta: qual, então, é o meu lugar? Devo sentir vergonha de fazer política? Devo deixar de acreditar que posso, que podemos fazer diferente? Devo deixar apenas os espaços que podem ser ocupados pelas gigantescas máquinas econômicas livres? As pessoas têm nojo de quê? Daquilo que elas não se envolvem para mudar?


Não!!! A política precisa ser mudada! Precisa ser mudada por vocês que não aceitam propagandas no Face! Precisa ser mudada por vocês que se incomodam com ela feita dessa maneira baixa. Precisa ser mudada por aqueles que não se conformam.

A internet é, de todas as maneiras de fazer política, a mais democrática. Ela é limpa, não polui e é barata - não custa os milhares que vejo alguns disporem - ela também é fruto de opção pessoal, vocês seguem quem bem entenderem. Com a internet podemos criar correntes com nossas causas, ajudar pessoas e também nos envolvermos para mudar a política.

Por alguns minutos, fiquei reflexiva se eu abusava ao colocar fotos das pessoas que encontro em mais essa campanha no instagram. Todas as vezes que me vejo de alguma forma envolvida, comparada, posta na vala comum reflito muito. Sinto uma pontada de vontade de tocar a vida, de parar de me submeter a esse julgamento pela régua pequena de conduta dos errados e piores. Mas, por sorte, meu grilo falante sempre alerta que precisamos ficar aqui.

Eu, meus amigos militantes de causas, os homens e mulheres com sonhos, com garra, com projeto e com paixão pelas mudanças na política e na sociedade (pois essas mudanças caminham de mãos dadas). Se nós não debatemos política no Face, no Twitter ou no antigo Orkut, eles debatem. E debatem nos caros restaurantes, em conversas regadas a uísque 12 ou 18 anos.

Se nós não postarmos fotos de nossos símbolos de sonho e força, as deles serão postadas. Postadas nos jornais diários com suas malas repletas de dólares. Ou seja, o espaço desocupado é ocupado pelos que, em tese, esses que não querem a política virtual, combatem! 

Eu não sinto vergonha de fazer política. Eu não sinto vergonha de debater meu país. Eu não sinto vergonha de acreditar que nós podemos mais do que temos. E não sinto vergonha de ter dedicado os últimos 14 anos de minha vida à transformação de sonhos comuns em realidade. Não sintamos! Não se adaptem ao discurso comum (e, evidentemente, sedutor de "aqui eu não quero"). Não nos adaptemos aos que que querem tirar nosso direito de mudar!

Lugar de política é à luz do dia. Lugar de política é onde as pessoas estão. nas redes, nas ruas. Assim mudaremos Porto Alegre para melhor!
 

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